“Saindo da Matrix: O caminho da Curadoria”

Autor: Renato Azevedo Sant Anna

Artigo originalmente escrito no dia 18/07/2020 para a Bimodais — Escola de Pensamento Digital

As pessoas estão tão ocupadas em suas rotinas diárias e imersas em suas bolhas de informação, que não percebem as macro-tendências
que vão dando forma ao futuro e o impacto das revoluções de mídias na sociedade, que influenciam como o ser humano se relaciona com o meio-ambiente que o envolve e o habilita a perpetuar a sua existência pela melhor disponibilidade de ferramentas de sobrevivência proporcionadas pela nova mídia.

Dessa forma, o ser humano ao longo da história se viu diante de revoluções tecnológicas que o permitiram prosperar e a modificar sua própria realidade. Em função disso, o comando e controle foi uma forma centralizada de exercício do poder que predominou na administração de organizações humanas desde a antiguidade de forma a alocar recursos para sanar os problemas que essas comunidades enfrentavam.

Com a evolução dos desafios impostos pela complexidade demográfica progressiva, há cada vez mais iniciativas empoderadoras que distribuem esse poder para as bordas, nas fronteiras das organizações, de forma a descentralizar a tomada de decisões, permitindo assim, uma tomada de decisão melhor distribuída e que leve o contexto de cada situação em consideração, proporcionando assim para a coletividade uma melhor chance de sucesso de sobrevivência em função disso.

Assim, as organizações centralizadas e em forma hierárquica rígidas estão vendo seu espaço de ação diminuir cada vez mais nesse novo mundo
da Era Digital, onde o “novo normal” se dá pela fluidez das relações e não mais o micro-gerenciamento que era característica do modelo administrativo anterior.

A Curadoria, novo modelo administrativo com base na reintermediação, a organização passa a atuar como uma plataforma alimentada por dados, aqui chamados de rastros digitais, sendo uma forma exponencial de escalar as operações com base em algoritmos.

O caminho da Curadoria, é uma jornada que pressupõe a existência de líderes que atuem como verdadeiros “curadores” de seus setores, como componentes essenciais para que a organização, como uma plataforma, possa garantir a qualidade das entregas ao consumidor, e ao mesmo tempo, faça uma governança distribuída da performance de seus membros por meio do feedback mútuo de cada interação gerada usando para isso algoritmos e rastros digitais.

Com isso, a figura do “chefe” tradicional deixa de existir, ainda mais num mundo que o trabalho remoto passa a ser opção viável, e onde a qualidade
das interações, o compromisso demonstrado e a excelência das entregas são as base para uma nova forma de modelo administrativo baseado em rastros
digitais, e onde a confiança passa a ser distribuída, com o líder “curador” atuando de forma contextual e dinâmica de acordo com as funções a serem
desempenhadas em cada situação do processo de entrega do produto e/ou serviço.

A maior robustez desse novo modelo da Curadoria, se faz também pela presença de núcleos chamados de “modal 2” que permitem que a empresa possa se colocar à prova diante dos desafios, gerando inovações contínuas por meio de experimentações.

Assim, podemos dizer que as empresas do século XXI que querem se integrar a esse novo modelo administrativo mais ágil, escalável e robusto por ser adaptável, devem deixar o passado para trás e vislumbrar o caminho futuro como uma jornada para a excelência, com altos e baixos, mas que permite a organização inovar e ter a capacidade necessária para fazer frente aos desafios gerados pela complexidade demográfica progressiva.

E por fim, podemos considerar que o caminho da Curadoria atende aqueles que desejam fazer as coisas de forma diferente e que não se conformam, os
inquietos por natureza e que buscam o diferente, que apreciam o ato de experimentar e testar novas formas de lidar com os problemas e buscar
soluções de modo a alterar a realidade.

Exige mudança de postura e de visão de mundo, sendo a mudança de paradigma condição necessária para que se possa perceber as potencialidades que a Era Digital proporciona e para aproveitar as oportunidades exponenciais que estão a espera daqueles
que não as deixam escapar.